Entrevistas

> Julho 2012
Darley Quintas 
Publicação da Revista Dança Brasil - Edição de Julho 2012
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> Fevereiro 2012
Marina Mota 
Graduada em Educação Física pela UEPA
Cursando Bacharelado em Cinema e Audiovisual e Mestrado em Artes pela UFPA

Comunicação & Corpo: Quando e como a Dança começou a fazer parte de sua vida?
 
Marina Mota: A dança entrou na minha vida aos 13 anos de idade. Eu era aluna de um Projeto de Extensão da UFPA, chamado Projeto Riacho Doce, onde eu já participava de práticas esportivas, como natação. 
Então, quando surgiu o Ballet, eu tive curiosidade em ver como eram as aulas e experimentar. Essas aulas eram realizadas pelo Projeto aos finais de semana. 
A partir desse momento que eu comecei a vivenciar a Dança, me apaixonei. E acabei até ficando só nas aulas de Dança, larguei outras atividades que fazia no Projeto, para me dedicar inteiramente a Dança.


Comunicação & Corpo: Quando você começou a dançar profissionalmente?

Marina Mota: Por cerca de 5 anos, eu estudei Dança através do Projeto Riacho Doce, onde também comecei a exercer monitoria, ajudava a dar aula aos 16 anos. Foi então que me apaixonei pela profissão, já objetivando ser professora de Dança e fiz faculdade em prol disso também. 
E a partir daí, meu objetivo era estudar Dança cada vez mais. Foi quando decidi ir estudar Dança na ETDUFPA: durante a semana fazia estudos paralelos na Escola de Dança e aos finais de semana, no Projeto.
Já quando eu estava na Academia de Danças da Ana Unger, partir para um estudo mais profissional da Dança. A minha paixão maior até que dançar, sempre foi ensinar. Sempre gostei da sala de aula, de estar ensinando, contribuindo com o que eu tinha aprendido.


Comunicação & Corpo: Qual foi o momento mais marcante dentro da sua vivência na Dança?

Marina Mota: Nossa! Tem tantos... Foi marcante a partir do momento que eu comecei a ministrar aulas para várias turmas, mas, principalmente, quando eu comecei a trabalhar com deficiente visual. Foi quando eu tive que reaprender, rever tudo o que eu tinha aprendido com relação as formas de ensino e de aprendizagem da Dança. E foi essa parte que tive que desconstruir para depois construir novos conhecimentos. E isso marcou bastante.


Comunicação & Corpo: Quais foram as principais dificuldades que você enfrentou durante sua vivência na Dança?

Marina Mota: Bom, primeira dificuldade: eu já comecei a dançar com 13 anos de idade. E Ballet, as crianças iniciam com 3 anos de idade, hoje em dia, no máximo com 5 anos. Então, a primeira dificuldade foi com os limites do próprio corpo, com a questão fisiológica mesmo, treinando horas para consegui o en dehors, para conseguir girar a pirueta, para ter um trabalho de flexibilidade... Em ter que correr atrás de técnicas e possibilidades do corpo, que já era difícil por conta da idade e, por isso, tive que me dedicar nesse aperfeiçoamento.
E depois disso, foi desconstruir toda essa questão do Ballet que molda o corpo para essa modalidade e, deixando o corpo, de certa forma, condicionado e não permite que realize outros tipos de dança. Então, há dificuldades em desconstruir esse corpo, de conseguir levar esse corpo da bailarina clássica a chegar em outros níveis de dança, de técnica. 
E essa foi outra dificuldade minha, quando eu quis passar do Clássico para o Contemporâneo, em que é um outro entendimento do corpo, de forma e possibilidades. E só com o tempo adquiri essa maturidade e hoje eu consigo fazer esse trânsito.


Comunicação & Corpo: Na sua opinião, o que é preciso para ser um bom bailarino?

Marina Mota: Acredito que para ser um bom bailarino é preciso muita dedicação sempre, porque para Arte, principalmente na Dança, é necessário muitas horas de dedicação, por ser um trabalho de perfeccionismo. E por isso, querendo ou não, requer horas de ensaio. 
Além disso, de ter que possuir dentro de si muita vontade de estar em cena. É doação: a pessoa soltar suas amarras e querer estar ali, mesmo passando por todos os percalços para chegar em uma boa apresentação. 
É poder também dançar para si mesmo, estar satisfeito com o que foi produzido, independente de olhares externos de estética ou não, mas conseguir um bom resultado para si mesmo.
É importante, ainda, que o bailarino transite pelas diversas linguagens da Dança, ou seja, se aproprie das técnicas de cada modalidade de Dança e usá-las na medida. Não deixar o corpo condicionado apenas a uma forma de Dança. É  se permitir.


Comunicação & Corpo: Qual a sua opinião sobre o mercado de trabalho em Dança?

Marina Mota: Na realidade de Belém do Pará, a qual eu conheço por estar mais próxima, para viver da Dança somente é possível se a pessoa for Professor de Dança, porque assim terá um retorno financeiro. 
Há também a questão do cachê: o bailarino realiza um trabalho e ganha um cachê, mas não é o suficiente para sobreviver da Dança desse modo. É possível passar uma temporada de 3, 4, 5 ou até 6 meses ganhando cachê por um trabalho, mas muitas vezes não é tão significativo para o bailarino, já que não é uma garantia da pessoa se manter.
Então, aqui na nossa região, eu não conheço a realidade de pessoas que vivam da Dança sendo bailarinos. Eu vejo apenas as pessoas vivendo da Dança sendo professores.


Comunicação & Corpo: Quais projetos pessoais em Dança estão em andamento? Existe algum projeto futuro?

Marina Mota: Hoje, eu estou encantada com o estudo das interfaces das Artes Cênicas, podendo aproximar o Teatro da Dança, e até mesmo o Circo. Estou também em outro universo, que é do Audiovisual, Videodança, em que já desenvolvo alguns projetos
E, principalmente, trabalhar com pesquisa e experimentação em Dança com pessoas com deficiência, continuando ainda com meu foco, que é deficiência visual, mas futuramente ampliar o trabalho para pessoas com outros tipos de deficiência, como o cadeirante, surdos-mudos, entre outros.